segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Pare Belo Monte, que de belo não tem nada

Ministro de Minas e Energia diz que “a construção vai ser iniciada dentro de muito pouco tempo"

08/02/2011
Vinícius Mansur
de Brasília


Cerca de 300 pessoas se reuniram, na manhã desta terça-feira, na frente do Congresso Nacional para exigir o fim do projeto que prevê a construção da usina hidroelétrica de Belo Monte, no Pará. Estudantes, ambientalistas e militantes de outros movimentos sociais se somaram ao grupo de 150 indígenas que deixaram suas comunidades no Rio Xingu para protestar em Brasília.
Aos gritos de “pare Belo Monte, que de belo não tem nada”, a manifestação seguiu do Congresso para frente do Palácio do Planalto, onde foi lida uma carta com 11 reivindicações do movimento "Xingu Vivo para Sempre" e aliados. De acordo com a coordenadora do movimento, Antônia Melo, as principais reivindicações são “a inclusão da sociedade na discussão do planejamento energético brasileiro e o cancelamento urgente do complexo hidrelétrico do Xingu”. Os kayapós também exigiram a demissão imediata do presidente da Funai, Marcio Meira.
A carta e o abaixo assinado com mais de 604 mil assinaturas foram entregues por uma comissão ao secretário-executivo, Rogério Sottili, e ao secretário de Articulação Social, Paulo Maldos, ambos funcionários da Presidência da República.


Segundo Moisés da Costa Ribeiro, coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e morador de Altamira - região prevista para instalação da usina -, a oposição à Belo Monte “não parte de uma leitura só local, mas nacional, do projeto. Ele é um projeto do grande capital que existe por um único motivo: atender as grandes empresas que precisam de energia para cada vez desenvolver uma produção e um acúmulo de riqueza ainda maior”.
Em uma fala sobre o carro de som, Josine Arara, morador de Volta Grande do Xingu (PA), apontou os enormes impactos da hidroelétrica e alertou que haverá muita resistência a sua construção: “Vai ter muito sangue, de branco e de índio, vai acontecer muita briga. E a Dilma vai ser a responsável pelo que for acontecer lá dentro.”
Também estiveram presentes na manifestação em Brasília o cacique Raoni, o bispo Dom Tomás Balduíno, a senadora Marinor Brito (PSOL-PA) e o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP). O Painel de Especialistas sobre a Usina de Belo Monte e a atriz Letícia Spiller enviaram cartas de apoio aos manifestantes.

A posição do governo
Durante o encontro com a Presidência da República, o representante do governo, Rogério Sottili afirmou que “Dilma fará o que tem que ser feito” e que ela “tem que pensar o Brasil como um todo”. “Podemos não chegar a um consenso, mas temos que construir o diálogo. Esse compromisso eu assumo com vocês”, afirmou Sotilli. Quanto ao presidente da Funai, Marcio Meira, ele afirmou que a demanda será encaminhada ao Ministério da Justiça.
Outro encaminhamento da secretaria Geral da Presidência foi a proposta de constituição de um Grupo de Trabalho (GT) composto pelo governo e pela Aliança dos Rios da Amazônia, coalizão que reúne os movimentos sociais das bacias dos rios Xingu, Tapajós, Teles Pires e Madeira, onde já existem obras ou onde o governo planeja a construção de novas usinas.


Ministro não volta atrás
Questionado pelo jornal O Globo sobre a manifestação, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que “a construção vai ser iniciada dentro de muito pouco tempo”. Segundo Lobão, Belo Monte vem sendo discutido há mais de 30 anos e o governo não se recusa a explicar o projeto. De acordo com o ministro, se o país não puder construir usinas hidrelétricas, que são energia limpa e renovável, terá "que construir térmicas poluentes a custos muito mais elevados".

 FONTE: http://www.brasildefato.com.br/node/5633

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