quarta-feira, 21 de março de 2012

NUVENS...

Nuvens… Hoje tenho consciência do céu, pois há dias em que o não olho mas sinto, vivendo na cidade e não na natureza que a inclui. Nuvens… São elas hoje a principal realidade, e preocupam-me como se o velar do céu fosse um dos grandes perigos do meu destino. Nuvens… Passam da barra para o Castelo, de Ocidente para Oriente, num tumulto disperso e despido, branco às vezes, se vão esfarrapadas na vanguarda de não sei o quê; meio-negro outras, se, mais lentas, tardam em ser varridas pelo vento audível; negras de um branco sujo, se, como se quisessem ficar, enegrecem mais da vinda que da sombra o que as ruas abrem de falso espaço entre as linhas fechadoras da casaria.

Nuvens… Existo sem que o saiba e morrerei sem que o queira. Sou o intervalo entre o que sou e o que não sou, entre o que sonho e o que a vida fez de mim, a média abstrata e carnal entre coisas que não são nada, sendo eu nada também. Nuvens… Que desassossego se sinto, que desconforto se penso, que inutilidade se quero! Nuvens… Estão passando sempre umas muito grandes, parecendo, porque as casas não deixam ver se são menos grandes que parecem, que vão a tomar todo o céu; outras de tamanho incerto, podendo ser duas juntas ou uma que se vai partir em duas, sem sentido no ar alto contra o céu fatigado; outras ainda, pequenas, parecendo brinquedos de poderosas coisas, bolas irregulares de um jogo absurdo, só para um lado, num grande isolamento, frias.

Nuvens… Interrogo-me e desconheço-me. Nada tenho feito de útil nem farei de justificável. Tenho gasto a parte da vida que não perdi em interpretar confusamente coisa nenhuma, fazendo versos em prosa às sensações intransmissíveis com que torno meu o universo incógnito. Estou farto de mim, objetiva e subjetivamente. Estou farto de tudo, e do tudo de tudo. Nuvens… São tudo, desmanchamentos do alto, coisas hoje só elas reais entre a terra nula e o céu que não existe; farrapos indescritíveis do tédio que lhes imponho; névoa condensada em ameaças de cor ausente; algodões de rama sujos de um hospital sem paredes. Nuvens… São como eu, uma passagem desfeita entre o céu e a terra, ao sabor de um impulso invisível, trovejando ou não trovejando, alegrando brancas ou escureando negras, ficções do intervalo e do descaminho, longe do ruído da terra e sem ter o silêncio do céu. Nuvens… Continuam passando, continuam sempre passando, passarão sempre continuando, num enrolamento descontínuo de meadas baças, num alongamento difuso de falso céu desfeito.

Bernardo Soares


FONTE: LIVRO DO DESASSOSSEGO, AUTOR FERNANDO PESSOA

 

sábado, 17 de dezembro de 2011

O que são ritos de passagem?




Os ritos de passagem (ou de iniciação) são cerimónias que assinalam transições importantes no desenvolvimento do indivíduo e em que ocorre uma mudança de estatuto social. Por exemplo: os ritos ligados ao nascimento (como o baptismo), os ritos da puberdade (a iniciação à condição de adulto), o casamento, ritos de integração em grupos específicos (nomeadamente as praxes nas escolas e nas Forças Armadas), ritos ligados à morte (como os funerais).


quarta-feira, 6 de abril de 2011

Belo Monte: governo brasileiro precisa respeitar o direito das oitivas indígenas

O MPF não é parte no caso que foi apresentado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, mas trava a mesma batalha em processo que tramita desde 2006 na justiça brasileira

Belém, 05 de abril de 2011

O Ministério Público Federal aguarda o julgamento de um processo iniciado em 2006 pelo mesmo motivo que levou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos a pedir a suspensão do licenciamento da hidrelétrica de Belo Monte: até hoje o governo brasileiro não respeitou o direito dos índios do Xingu a serem consultados antes da decisão de se construir a usina em suas terras.

O direito das oitivas é previsto no artigo 231 da Constituição brasileira e também na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, tratado do qual o país é signatário. Para o MPF no Pará, o direito foi desrespeitado: trata-se de uma consulta política, que deve ser feita pelo Congresso Nacional antes que se decida pela instalação da usina.

Em vez disso, o governo brasileiro conseguiu fazer tramitar em tempo recorde um decreto legislativo no Congresso Nacional – foram 15 dias de trâmite – sem conversar com os índios. Na época, o senador paraense Luiz Otávio Campos chegou a chamar o projeto de projeto-bala, pela rapidez.

Por esse motivo, em 2006, o MPF ajuizou a segunda ação civil pública movida contra a hidrelétrica de Belo Monte. Ano passado, o processo deveria ter sido julgado no dia 22 de novembro, mas a pedido da Advocacia Geral da União, o julgamento foi adiado. É esse julgamento que vai dizer, afinal, se o Brasil pode passar a borracha no artigo 231 da Constituição e não realizar as oitivas indígenas.

Nas últimas argumentações enviadas pela AGU à Justiça no bojo desse processo, o governo faz alegações contraditórias: ora afirma que as oitivas foram realizadas pelos servidores da Funai, ora afirma que elas não são necessárias porque o empreendimento não afeta Terras Indígenas.

As reuniões feitas em aldeias indígenas por servidores da Funai como etapas dos Estudos de Impacto Ambiental foram gravadas em vídeo. No vídeo (http://www.youtube.com/watch?v=zdLboQmTAGE), os servidores públicos aparecem explicando aos índios que aquilo não são as oitivas indígenas e que essa questão ainda iria ser resolvida.

Mesmo assim, em 2009, a Funai apresentou ao Ibama um documento em que dizia que tinha feito as oitivas indígenas.  Os índios comunicaram a situação ao MPF: se sentem enganados e desrespeitados pelo governo.

“Quanto ao argumento de que o empreendimento não afeta terras indígenas porque elas não serão alagadas, beira o ridículo. Duas aldeias indígenas estão bem nas margens do rio Xingu na área em que ele deve secar, desaparecer, por causa do desvio de água para a usina. Estamos trabalhando com a hipótese concreta de remoção de povos indígenas, o que é vedado pela Constituição porque ao longo da história só causou tragédias”, explica o procurador da República Ubiratan Cazetta.

“Todas as etapas que a lei exige para esse licenciamento foram burladas pelo governo. É por isso que já ajuizamos 10 ações contra Belo Monte. E é por isso que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos está atuando: para evitar a violação de direitos dos povos indígenas e ribeirinhos. O governo brasileiro se dizer perplexo depois de tantos alertas sobre essas violações é que nos surpreende”, explica o procurador da República Felício Pontes Jr.

Entenda como funciona o Sistema Interamericano de Direitos Humanos

Podem fazer denúncia ao Sistema entidades nacionais não estatais e que sejam credenciadas e consideradas representativas da sociedade civil do país. A Comissão analisa as denúncias, pede informações ao país, pode fazer recomendações como a que foi feita agora e, em caso de violação dos direitos humanos, submete o caso à Corte Interamericana. Na Corte, o país tem direito à defesa, mas pode ser condenado em sanções ou obrigações de fazer. O Brasil já foi condenado 3 vezes na Corte.

Ministério Público Federal no Pará
Assessoria de Comunicação
Fones: (91) 3299-0148 / 3299-0177
E-mail: ascom@prpa.mpf.gov.br
Twitter: http://twitter.com/MPF_PA

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Estamos no portal de um Novo Tempo

Nenhuma instituição ou relacionamento estará livre de revisões.
O que aprendemos até agora será revisto.
As profecias falam de um Mundo Novo que nascerá das cinzas do velho.
O caos é o princípio de algo novo.
Vivemos dias de purificação para entrar na época da libertação espiritual.
Na Nova Era a humanidade fará descobertas incríveis sobre os astros, sobre a ciência e a consciência humana.
Será o momento da Consciência Crística, da expansão da consciência, da liberdade, do amor incondicional, da paz, da verdade, da independência. A fraternidade, a união e o companheirismo serão os fundamentos das relações entre as pessoas.
O homem/mulher evoluirão para uma nova consciência.
Se religarão com o Sagrado de todo o Universo.
Farão melhor uso de suas potencialidades psíquicas e intuição.
O amor será a resposta para os problemas, e o perdão a forma de conduta.
A Luz de Deus brilhará no coração do ser humano.
O ser humano aprenderá a honrar a Mãe-Terra, respeitando e amando a natureza.
O Planeta será amado e protegido. O homem/mulher aprenderão novas formas de viver.
Todos terão o seu valor.
As crianças por serem as sementes do futuro.
Os jovens por sua força.
Os velhos por sua sabedoria.
E, todos colaborarão juntos para uma vida pacífica e harmoniosa na Terra.
A música e a arte evoluirão.
Poderemos nos comunicar com seres que habitam outras estrelas.
Não temeremos a morte, pois teremos consciência da vida eterna.
Teremos uma nova cadeia alimentar, muitos carnívoros se alimentarão de vegetais, acabando com a matança absurda dos animais.
O ser humano não se comunicará apenas com seus espíritos, mas também com os espíritos dos animais, plantas, pedras, e de toda a Criação, pois estamos todos interligados.
Haverão sinais no Sol, na Lua e nas Estrelas.
Serão sinais de Boas Novas.
Apocalipse significa revelação.
Todas as religiões guardam os segredos de Deus.
Jesus Cristo, Buda, Krishna, Lao Tsé, Maomé, Shiva , Davi, Moisés e outros, foram os defensores desses segredos.
Quando a humanidade retornar à espiritualidade, os segredos serão revelados e os antigos Iluminados do Mundo, se manifestarão, agradecendo a raça humana pela obra.
A obra já está acontecendo por todas as partes. Você pode acreditar e se engajar, ou pagar para ver.
Haverão seres humanos vivendo um nível de consciência mais alto do que os demais. A Nova Era permitirá que o Espírito Interior se expresse por si mesmo, e que cada alma procure o seu próprio nível.
Nova Consciência – Nova Era, Nova Humanidade, Novo Mundo, Novo Horizonte, Novo Homem.
Amor – Paz e Luz !

Léo Artése



segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Defendendo os Rios da Amazônia

Vídeos explicando a Catástrofe Ambiental com a construção da Usina Belo Monte.



Defendendo os Rios da Amazônia - Parte 1

FONTE: http://www.youtube.com/watch?v=4k0X1bHjf3E&feature=player_embedded



Defendendo os Rios da Amazônia - Parte 2

FONTE: http://www.youtube.com/watch?v=JcCpFBro-Lc&feature=related

carta encaminhada à presidente Dilma Rousseff, CONTRA A CONSTRUÇÃO DA USINA BELO MONTE

A carta
Veja abaixo trechos da carta encaminhada à presidente Dilma Rousseff, assinada por líderes Kayapó das aldeias indígenas Gorotire, Kokraimoro, Metyktire, Kriny, Moikarako, Käkamkube, Las Casas, Apeinhti, Piaraçu, Kawatire, Pykararankre, Kromare, Turedjam, Kapôt e Pykatamkwyr.


"(...) A Funai, apesar de ser o órgão indigenista, deveria estar defendendo as comunidades indígenas e o papel que está fazendo é o contrário. As lideranças tradicionais não estão sendo ouvidas nem respeitadas suas decisões. A Funai toma decisões como se fossem as lideranças do povo. Por que o presidente da Funai não recebe as lideranças quando estas vem resolver seus problemas? Se ele não quiser trabalhar para nós, ele explique para nós o porquê."

"(...) Para a preservação de várias espécies de animais e plantas que usamos para o nosso tratamento tradicional, é por isso que não queremos a barragem. Por nós sermos os brasileiros legítimos, o governo deveria respeitar, sobretudo os nossos direitos."

"(...) Sabemos que isso é uma política falsa, pelo que aconteceu e pelo que está acontecendo com a gente hoje. No passado prometeram melhorar a qualidade de vida, a saúde das nossas comunidades. Na verdade não aconteceu. Muitos povos se enfraqueceram com essa política e foram extintos e não queremos isso. Queremos que sejamos respeitados, cumprindo as leis que estão na Constituição Federal."

Leia a carta na Íntegra --> http://www.amazonia.org.br/arquivos/377389.pdf

Pare Belo Monte, que de belo não tem nada

Ministro de Minas e Energia diz que “a construção vai ser iniciada dentro de muito pouco tempo"

08/02/2011
Vinícius Mansur
de Brasília


Cerca de 300 pessoas se reuniram, na manhã desta terça-feira, na frente do Congresso Nacional para exigir o fim do projeto que prevê a construção da usina hidroelétrica de Belo Monte, no Pará. Estudantes, ambientalistas e militantes de outros movimentos sociais se somaram ao grupo de 150 indígenas que deixaram suas comunidades no Rio Xingu para protestar em Brasília.
Aos gritos de “pare Belo Monte, que de belo não tem nada”, a manifestação seguiu do Congresso para frente do Palácio do Planalto, onde foi lida uma carta com 11 reivindicações do movimento "Xingu Vivo para Sempre" e aliados. De acordo com a coordenadora do movimento, Antônia Melo, as principais reivindicações são “a inclusão da sociedade na discussão do planejamento energético brasileiro e o cancelamento urgente do complexo hidrelétrico do Xingu”. Os kayapós também exigiram a demissão imediata do presidente da Funai, Marcio Meira.
A carta e o abaixo assinado com mais de 604 mil assinaturas foram entregues por uma comissão ao secretário-executivo, Rogério Sottili, e ao secretário de Articulação Social, Paulo Maldos, ambos funcionários da Presidência da República.